24 de setembro de 2009

Se te amo, não sei!

Amar! se te amo, não sei.
Oiço aí pronunciar
Essa palavra de modo
Que não sei o que é amar.


Se amar é sonhar contigo,
Se é pensar, velando, em ti,
Se é ter-te n'alma presente
Todo esquecido de mim!


Se é cobiçar-te, querer-te
Como uma bênção dos céus
A ti somente na terra
Como lá em cima a Deus;


Se é dar a vida, o futuro,
Para dizer que te amei:
Amo; porém se te amo
Como oiço dizer, — não sei.

23 de setembro de 2009

O jeito que você esta imersa na luz
Me lembra da noite
Deus me deitou em seu jardim rosado de confiança
E eu fui levado além
Sem nada pra dizer
Um tolo sem salvação
Sim eu me perdi numa onda de paz
Você é tudo que eu preciso encontrar
Então quando for a hora certa
Venha a mim gentilmente, venha a mim
O amor vai nos guiar com certeza
O amor vai nos guiar, ele vai nos guiar
Pode ouvir o choro dos golfinhos?
Veja a estrada se erguendo para nos encontrar
Está no ar que respiramos está noite
O amor vai nos guiar, ele vai nos guiar
Oh sim, nós encontramos outra vez
É como se jamais tivessemos partido
O tempo que intercalou foi só um sonho
Nos sequer saímos desse lugar?
Esta neblina louca me cerca
Você enrosca suas pernas em mim
Tudo que eu posso fazer é tentar respirar
Me deixa respirar pra que eu
Pra que nós possamos ir juntos
O amor vai nos guiar com certeza
O amor vai nos guiar, ele vai nos guiar
Pode ouvir o choro dos golfinhos?
Veja a estrada se erguendo para nos encontrar
Está no ar que respiramos esta noite
O amor vai nos guiar, ele vai nos guiar
O amor é como uma estrela cadente
Não importa quem você é
Se você tentar procurar um abrigo, é uma perda de tempo
Nós estamos perdidos até sermos encontrados
Esta fênix se ergue no chão
E todas estas guerras tem fim

Primavera - Claudio Crow Quintino ( 2001)




Pelos Deuses e Deusas antigos, pelos Espíritos de Nossos Ancestrais,
Pela Alma Viva da Terra em que vivemos:
Que a Primavera nos traga, pelo perfume das flores e das ervas,
Pelo canto das aves e o zumbido dos animais,
A percepção de um mundo único, sagrado.


Pelos Deuses e Deusas antigos, pelos Espíritos de Nossos Ancestrais,
Pela Alma Viva da Terra em que vivemos:
Que a primavera nos traga, pelo murmúrio dos riachos e nascentes,
Pela brisa suave que nos traz as vozes das árvores,
A noção de que o Amor entre as criaturas da Terra é o Caminho para que
todos cresçamos

Pelos Deuses e Deusas antigos, pelos Espíritos de Nossos Ancestrais,
Pela Alma Viva da Terra em que vivemos:
Que a Primavera nos traga, pelo calor confortável do sol sobre nossas
cabeças,
Pela luz brilhante a refletir nos lagos e na relva úmida,
A ciência de que somos responsáveis por tudo o que nos rodeia, e pela restauração da Vida.
Pelos Deuses e Deusas antigos, pelos Espíritos de Nossos Ancestrais,
Pela Alma Viva da Terra em que vivemos:
Que a Primavera nos traga, pelo contato suave das flores e folhas,
Pela pelagem macia dos animais recém nascidos,
A sensação de que tudo na Vida se renova, e nada é finito.
A Vida jamais se extinguirá, desde que cuidemos Dela.
A Primavera nos traz de volta à infância.
A Primavera é a Infância dos Deuses.
E mesmo depois, quando Ela se for,
Resta a certeza de que, daqui a um ano e um dia,
Seremos todos crianças novamente!

11 de setembro de 2009

Mais



Puras ou impuras?
São apenas texturas...

Sem frescuras.



Desejo, tesão, provocação!
Se eu quero mais?
Quero coração



Disparado
Acelerado
Apaixonado



Angustiado? Não!



Em paz
Sem culpa
Sem medo



Tarde, noite e madrugada
Bem cedo



Boca, pele, pêlo, cabelo
Olhos nos olhos
Seu gosto, seu suor, seu cheiro



Não há mais você
Não há mais eu
Somos um
Dentro, fora
Aqui, agora



Músculos, lábios, púbis (plural)



Intensidade, intimidade, felicidade (singular)



Gozo!

Abraço...
Carinho...
Olhares...



[ s i l ê n c i o ]




Palavras? "Eu te amo" seria pouco.

9 de setembro de 2009

Perdi a inspiração... Perdi o sono... E perdi o coração.
Não sei o que fiz, não sei onde o deixei...
Não sei mais o que sei,
Só tenho certeza de que não tenho mais certeza de nada!
Espero, espero, espero...
Preencho meu tempo d´uma espera que não tem mais fim...
Espera pela presença ausente de "algo" (talvez), intocável...
Ou será puro medo meu?
Esconder de mim é o mesmo que esconder do mundo?,
Que meu coração está aflito?,
Que ele pede cada vez mais forte que eu vá
Por um caminho desconhecido...
Onde pode existir flores?...
Mas, nelas há espinhos...
Tantas vezes me machuquei...
Amei, amei, amei...
E agora?
Amo, amo, amo!
Me entender, vai além da minha compreensão capacitada em, somente, o que é racional.
E isso, não é racional.
É mais...
Muito mais do que conheço, ou já conheci.
Esse "entendimento", é o olho do furação dos meus medos.
Como "sentir" o "desconhecido?
Como pode ser possível?
Algo, desconhecido ser capaz de nos tomar?
De, nos deixar sem direção, apontando somente para uma, como se existisse, somente "aquele" Norte como único ponto?
Não sei qual á a da vida, não...
Não sei se é "pegadinha"...
Não sei se é mais algum golpe...
Não sei, não sei e não sei...
Apenas sei que estou seguindo rumo a este "Norte".

Soneto de Fidelidade


De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa (me) dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Vinicius de Moraes)

Este é um poema de amor

tão meigo, tão terno, tão teu...

É uma oferenda aos teus momentos

de luta e de brisa e de céu...

E eu,

quero te servir a poesia numa concha azul do mar

ou numa cesta de flores do campo.

Talvez tu possas entender o meu amor.

Mas se isso não acontecer,

não importa.

Já está declarado e estampado

nas linhas e entrelinhas

deste pequeno poema,

o verso;

o tão famoso e inesperado verso que

te deixará pasmo, surpreso, perplexo...

eu te amo, perdoa-me, eu te amo..."


(Cora Coralina)

Os melhores momentos do amor são aqueles de uma serena e doce melancolia, em que choras sem saber porquê, e quase aceitas tranquilamente uma desventura que não conheces.
(Giacomo Leopardi)


"O que você fará, Deus, se eu morrer?Sua taça se quebrará? A taça sou eu.

Sua bebida se estragará? A bebida sou eu.

Eu sou o seu ofício;Comigo, vai-se todo o seu sentido."

(Rainer Maria Rilke)

Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!

Amar só por amar: Aqui...além...

Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente

Amar!Amar!E não amar ninguém!


Recordar?Esquecer?Indiferente!...

Prender ou desprender?É mal?É bem?

Quem disser que se pode amar alguém

Durante a vida inteira é porque mente!


Há uma Primavera em cada vida:

É preciso cantá-la assim florida,

Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!


E se um dia hei-de ser pó,cinza e nada

Que seja a minha noite uma alvorada,

Que me saiba perder... pra me encontrar...


(Florbela Espanca)

Coração é terra que ninguém vê...

Coração é terra que ninguém vê

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei - nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.

Semeador da Parábola...
Lancei a boa semente
a gestos largos...
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão

Coração é terra que ninguém vê
- diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
- teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei...


(Cora Coralina)


... Onde eu errei??? E onde estou errando???